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quinta-feira, 8 de novembro de 2012

PROVAS TRADICIONAIS EXEMPLIFICADAS DO LIVRO DE DANIEL

Hoje, à mesa, falemos um pouco a respeito de provas. Se tivésseis vindo a este lugar abençoado nos dias da manifestação da Luz evidente, se tivésseis atingido a corte de Sua Presença e visto Sua beleza luminosa, teríeis compreendido que Seus ensinamentos e Sua perfeição não necessitavam de outra evidência.
Somente pela honra de entrarem em Sua Presença, muitas almas se tornaram crentes confirmados; outras provas eram desnecessárias. Até aqueles que O rejeitaram e Lhe tinham ódio amargo, ao encontrarem-se com Ele, deram testemunho da grandeza de Bahá´u´lláh, dizendo: “É um homem magnífico, mas, que pena ele ter tal pretensão! Se não fosse isso, tudo o que ele diz seria aceitável.”

Mas agora que aquela Luz da Realidade se extinguiu, todos necessitam de provas, e incumbe-nos, pois, apresentar provas lógicas de Sua pretensão. Citaremos uma que será suficiente para todos aqueles que são justos, e que ninguém pode contestar. É que esse ilustre Ser ergueu Sua causa na “Maior Prisão”; desta Prisão foi difundida Sua luz; Sua fama conquistou o mundo; e a proclamação de Sua glória atingiu Leste e Oeste. Até os nossos tempos, jamais ocorreu tal coisa. Se houver justiça, isso será admitido. Há pessoas, porém, que não julgarão com justiça, ainda que lhes forem apresentadas todas as provas do mundo! Assim a religião e o Estado da Pérsia, com todo o seu poder, não lograram resistir a Ele. Em verdade, Ele, inteiramente só, encarcerado e oprimido, conseguia tudo o que desejava.

Não quero mencionar os milagres de Bahá´u´lláh, pois se poderia dizer, talvez, que sejam tradições, sujeitas tanto ao erro como à verdade, semelhantes aos milagres de Cristo relatados no Evangelho, os quais nos vêm dos apóstolos e não de qualquer outra pessoa, e que contudo são negados pelos judeus. Se, entretanto, eu desejasse mencionar os atos sobrenaturais de Bahá´u´lláh, poderia dizer que são numerosos e admitidos no Oriente, até mesmo por pessoas estranhas à Causa. Mas estas narrativas não constituem provas e evidências decisivas para todos; quem as ouvir, poderá dizer talvez que não estejam de acordo com a realidade, pois se sabe que várias seitas relatam milagres realizados por seus fundadores. Os brâmanes, por exemplo, relatam milagres: qual a evidência de serem estes falsos e aqueles verdadeiros? Se aqueles são fábulas, os outros também o são; se aqueles são geralmente aceitos, os outros também são geralmente aceitos. Por conseguinte, tais narrativas não são provas satisfatórias. Sim, milagres são provas para a testemunha ocular somente, e até esta pode-os considerar encantamento e não milagres. Também de alguns mágicos têm sido relatados feitos extraordinários.

Numa palavra, quero dizer que muitas coisas maravilhosas foram feitas por Bahá´u´lláh, mas nós não as relatamos, porque não constituem provas e evidências para todos os povos da terra. Nem para aqueles que os vêem são provas decisivas, pis até por eles podem elas ser atribuídas ao encantamento.

Também a maioria dos milagres dos Profetas que se menciona tem um sentido interior. Encontra-se escrito no Evangelho, por exemplo, que na ocasião do martírio de Cristo, trevas predominavam, e a terra tremia, e o véu do templo se rasgou em duas partes de alto a baixo, e os mortos saíram das sepulturas. Se tais coisas tivessem acontecido, teriam sido de fato maravilhosas, e certamente a história da época as teria registrado. Teriam perturbado muitos os corações. Os soldados teriam tirado Cristo da cruz ou então fugido. História alguma relata esses acontecimentos, o que torna evidente, pois, que não devem ser tomados em seu sentido literal, mas sim, interior.

Não é nosso propósito negar tais milagres; queremos dizer apenas que não constituem provas decisivas, mas que têm um sentido interior.

Hoje à mesa, então, nós nos referiremos à explicação das provas tradicionais contidas nos Livros Sagrados. Até agora, temo falado somente de provas lógicas.

A condição em que se deve estar, a fim de buscar seriamente a verdade, é a da alma ardente, sequiosa da água da vida, ou a do peixe que se esforça para alcançar o oceano, ou do paciente que se dirige ao verdadeiro médico a fim de obter a cura divina, ou da caravana perdida que se empenha em encontrar o caminho certo, ou do navio errante que tenta atingir a costa da salvação.

Também aquele que busca deve possuir certas qualidades. Em primeiro lugar, deve ser justo, e desprendido de tudo menos de Deus; seu coração deve volver-se inteiramente para o horizonte supremo; ele deve estar livre da escravidão dos vícios e das paixões, pois tudo isto serve de obstáculo; além disso, deve ele ser capaz de suportar todas as durezas; deve ser absolutamente puro e santificado, e desapegado do amor ou do ódio dos habitantes do mundo. Por quê? Porque o fato de seu amor a uma pessoa ou uma coisa poderia impedi-lo de reconhecer a verdade numa outra e, igualmente, seu ódio de alguma coisa poderia ser um obstáculo para seu discernimento da verdade. É esta a condição de quem busca; são estas as qualidades que deve possuir. Até que ele atinja esta condição, não lhe será possível alcançar o Sol da Realidade.
Voltemos agora a nosso assunto.

Todos os povos do mundo esperam dois Manifestantes, que devam ser contemporâneos; todos esperam o cumprimento desta promessa. Na Bíblia, os judeus têm a promessa do Senhor dos Exércitos e do Messias; no Evangelho é prometida a volta de Cristo e de Elias. Na religião de Maomé, há a promessa do Mihdi e do Messias, e é o mesmo com a religião zoroástrica e com as outras, mas se tratássemos em detalhe destes assuntos, tomaríamos tempo demais. O fato essencial é que em todas são prometidos dois Manifestantes que deverão vir um após o outro. No tempo destes dois Manifestantes, segundo a profecia, o mundo existente será renovado e os seres se ataviarão em vestes novas. A justiça e a caridade se espalharão pelo mundo inteiro; desaparecerão a inimizade e o ódio, as causas de divergência entre os povos – entre as raças e as nações, sendo substituídas por aquilo que cause unidade, harmonia e concórdia. Os negligentes despertarão; os cegos adquirirão vista, os surdos, ouvido, e os mudos poderão falar; os enfermos serão curados, e os mortos, ressuscitados. A paz haverá de substituir a guerra; o amor conquistará a inimizade; as causas de disputa e contenda serão removidas inteiramente e se realizará a verdadeira felicidade. Todas as nações tornar-se-ão uma só; as religiões serão unificadas; todos os homens serão de uma só família e da mesma raça. Todas as regiões da terra serão como uma só; as superstições causadas por raças, países, indivíduos, línguas e política desaparecerão; todos os homens atingirão a vida eterna, abrigados à sombra do Senhor dos Exércitos.

Agora devemos provar pelos Livros Sagrados que esses dois Manifestantes já vieram, e devemos descobrir o significado das palavras dos Profetas, pois desejamos provas tiradas dos Livros Sagrados.

Há poucos dias, à mesa, expusemos provas lógicas, estabelecendo a verdade desses dois Manifestantes.
Enfim no Livro de Daniel, (1) desde a reconstrução de Jerusalém até o martírio de Cristo, setenta semanas são apontadas; pois pelo martírio de Cristo, é consumado o sacrifício e destruído o altar. É uma profecia da manifestação de Cristo. Essas setenta semanas começam com a restauração e reconstrução de Jerusalém, concernente ao que foram emitidos quatro éditos, por três reis.

O primeiro foi emitido por Cyrus no ano de 536 A.C.; este é mencionado no primeiro capítulo do Livro de Ezra. O segundo édito, referente à reconstrução de Jerusalém, é o de Dario da Pérsia no ano de 519 A.C.; este é mencionado no sexto capítulo de Ezra. O terceiro é o de Artaxerxes no sétimo ano de seu reinado, isto é, em 457 A.C.; segundo consta do sétimo capítulo de Ezra. O quarto é o de Artaxerxers no ano de 444 A.C.; este é mencionado no segundo capítulo de Neemias.

Mas Daniel se refere especialmente ao terceiro édito, emitido no ano de 457 A.C. Setenta semanas fazem quatrocentos e noventa dias. Cada dia, segundo o texto do Livro Sagrado, é um ano.” (1) Quatrocentos e noventa dias, pois, são quatrocentos e noventa anos. O terceiro édito de Artaxerxes foi emitido quatrocentos e cinqüenta e sete anos antes do nascimento de Cristo, e Cristo, quando foi martirizado e ascendeu, tinha trinta e três anos de idade. Quando se acrescenta trinta e três a quatrocentos e cinqüenta e sete, o resultado é quatrocentos e noventa, que é o tempo anunciado por Daniel para a manifestação de Cristo.

No vigésimo quinto versículo do nono capítulo do Livro de Daniel, porém, isso é expresso de outra maneira, como sete semanas e sessenta e duas semanas, o que aparentemente difere da primeira declaração. Por causa desta diferença, muitos se tornam perplexos ao tentarem reconciliar as duas afirmações. Como podem setenta semanas ser certas num lugar, e sessenta e duas semanas e sete semanas em outro? As duas exposições não concordam.

Daniel menciona, entretanto, duas datas. Uma começa com a ordem de Artaxerxes a Ezra para a reconstrução de Jerusalém; esta é das setenta semanas que terminaram com a ascensão de Cristo, quando por Seu martírio cessaram o sacrifício e a oblação.

O segundo período, ao qual se refere o vigésimo sexto versículo, quer dizer que após o término da reconstrução de Jerusalém até a ascensão de Cristo, haverá sessenta e duas semanas; as sete semanas são o tempo que durou a reconstrução de Jerusalém, ou sejam quarenta e nove anos. Quando se adicionam estas sete semanas às sessenta e duas semanas, fazem sessenta e nove semanas, e na última (69-70) ocorreu a ascensão de Cristo. Estas setenta semanas são assim completadas, e não há contradição.
Já que foi provada pelas profecias de Daniel a manifestação de Cristo, provemos agora a de Bahá´u´lláh e a do Báb. Anteriormente temos mencionado apenas provas lógicas; falaremos agora de provas tradicionais.
No oitavo capítulo do Livro de Daniel, versículo 13, se lê: “Então ouvi eu um dos santos que falava; e um outro santo perguntou àquele que falava: “Até quando durará a visão relativa ao sacrifício diário, e o pecado da desolação, e até quando serão pisados aos pés o santuário e a fortaleza?” Respondeu ele então (V. 14): “Até dois mil e trezentos dias; então o santuário será purificado”; (V. 17) “Mas ele me disse... esta visão se cumprirá no fim a seu tempo.” Quer isto dizer: quanto tempo haverá de durar esse infortúnio, essa ruína, essa humilhação e degradação? Isto é, quando será a alvorada do Manifestante? Então respondeu ele, “Doze mil e trezentos dias; então será purificado o santuário.” Significa esta passagem, enfim, que ele aponta dois mil e trezentos anos, pois no texto da Bíblia cada dia é um ano. Assim, desde a data em que foi emitido o édito de Artaxerxes para reconstruir Jerusalém até o dia do nascimento de Cristo, há 456 anos, e do nascimento de Cristo até o dia da manifestação do Báb, há 1844 anos. Quando se acrescenta 456 anos a esse número, se tem 2.300 anos. Isto quer dizer, o cumprimento da visão de Daniel ocorreu no ano de 1844 A.D., o qual é o ano da manifestação do Báb, assim concordando com o texto exato do Livro de Daniel. Vede com que clareza ele determina o ano da manifestação; não poderia haver profecia mais clara do que esta para uma manifestação.

Em S. Mateus, capítulo 24, versículo 3, Cristo diz claramente que o que Daniel queria dizer com essa profecia foi a data da manifestação. Eis o versículo: “Enquanto estava assentado no Monte das Oliveiras, se chegaram a ele seus discípulos em particular, perguntando-lhe: “Dize-nos, quando sucederão estas coisas? e que sinal haverá de tua vinda, e da consumação do século?” Uma das explicações que Ele lhes deu em resposta foi esta (V. 15): “Quando vós pois virdes a abominação da desolação que foi predita pelo profeta Daniel, estai no lugar santo (o que lê, entenda).” Nesta resposta Ele diz que devem ler o oitavo capítulo do Livro de Daniel, e quem o ler deverá entender ser este o tempo ao qual se refere. Considerai com que clareza é mencionada no Velho Testamento e no Evangelho a manifestação do Báb.

Agora vamos explicar a data da manifestação de Bahá´u´lláh segundo a Bíblia. A data de Bahá´u´lláh é calculada de acordo com os anos lunares desde a missão e a Héjira de Maomé, pois na religião de Maomé, é usado o ano lunar, como o é também em todas as ordens de adoração.

No Livro de Daniel, capítulo 12, versículo 6, está escrito: “E disse alguém ao homem que estava vestido de roupas de linho, o qual se sustinha em pé sobre as águas do rio: - Quando se cumprirão estas maravilhas? – E eu ouvi que este homem que estava vestido de roupas de linho e se sustinha em pé sobre as águas do rio, tendo levantado ao céu a sua mão direita, e a mão esquerda, jurou nesta ação por aquele que vive eternamente, que isso seria depois de um tempo, e dois tempos e metade de um tempo. E todas estas coisas se cumprirão quando se acabar a dispersão do ajuntamento do povo santo.”

Como já expliquei o que significa um dia, não é necessário explicá-lo mais; mas diremos, em poucas palavras, que cada dia do Pai conta como um ano, e em cada ano há doze meses. Assim três anos e meio fazem quarenta e dois meses, nos quais há mil duzentos e sessenta dias. O Báb, precursor de Bahá´u´lláh, apareceu no ano de 1260 da Héjira de Maomé, segundo o calendário do Islã.

Depois, no versículo 11, se lê: “E desde o tempo em que o sacrifício perpétuo for abolido, e a abominação para a desolação for posta, passarão mil e duzentos e noventa dias. Bem-aventurado o que espera, e que chega até mil e trezentos e trinta e cinco dias!”

O começo deste cálculo lunar é desde o dia da proclamação de ser Maomé profeta, na região de Hijaz, o que foi três anos após Sua missão; porque, de início, foi guardado em segredo o fato de ser Maomé profeta, não o sabendo ninguém exceto Khadija e Ibn Naufal. (1) Depois de três anos foi anunciado. E Bahá´u´lláh, no ano (2) de 1290 depois da proclamação da missão de Maomé, tornou conhecida Sua manifestação.

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